domingo, 8 de junho de 2008

OPINIÃO

CRIATURA ENGOLE O CRIADOR-PAULO SANTOS
O prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB), vem se movimentando com incomum desenvoltura por todo o Estado para quem seria apenas candidato à reeleição na Capital. Há vários aspectos que merecem análise nessa airosidade, a começar pelas despesas que isso acarreta ao contribuinte pessoense, mas fiquemos apenas no aspecto político.
Ser candidato a governador da Paraíba foi psicologicamente enraizado em Coutinho desde que ele obteve a retumbante vitória para Prefeito, com a preciosa ajuda do PMDB de José Maranhão e - à época – o cambaleante Governo de Cássio Cunha Lima, além do sério comprometimento da imagem do ex-prefeito e hoje senador Cícero Lucena, envolvido na Operação Confraria.
Que não se venha falar em coincidências, pois isso não existe em política. Nada acontece por acaso, podendo receber contribuição apenas das circunstâncias. E alguns pormenores podem ser utilizados pelo candidato de forma que haja ganhos de nacos da opinião pública em função do desgaste de terceiros. Nada demais numa atividade que envolve pessoas muito inteligentes.
No caso do prefeito Ricardo Coutinho, observa-se que ele é um exímio aproveitador das circunstâncias, atraindo para sua seara os benefícios dos erros alheios, especialmente com o poderio de mídia que acumulou antes mesmo de assumir o mandato, tendo despejado posteriormente um volume de recurso$ inusuais para a Prefeitura de João Pessoa.
A nova vítima de Ricardo, nesse condomínio de erros políticos de outrem, é o comandante-em-chefe-do-PMDB, o senador José Maranhão, também tido e havido como exímio articulador, mas reconhecidamente vinculação a uma forma tradicional de se manter no poder, mesmo que aqui e acolá dê alguns passos em direção à modernidade.
Pois é nesse confronto entre tradição versus vanguarda que o prefeito Ricardo Coutinho aposta para, senão alijar, pelo menos eduzir o poderio de Maranhão para as eleições de... 2010. As eleições de 2008, na avaliação de Ricardo e seus apaniguados, já está no papo e tudo que acontecer este ano será assimilado silenciosa e modestamente por Maranhão, cujo partido é forte no conjunto do Estado, mas não tem poderio de confronto na Capital.
E porque Ricardo aventura-se no confronto com Maranhão? Elementar, meu caro: o desgaste do peemedebista em função da demora do Judiciário em decidir o confronto do ex-Governador com o governador Cássio Cunha Lima. Todos os prazos dos peemedebistas, para o líder assumir o Palácio da Redenção, estão sendo tragados pelo tempo.
De posse da fatia expressiva do eleitorado da Capital, falta a Ricardo apenas estender seus tentáculos para outras regiões, mas isso já está sendo providenciado. A primeira derrota de Maranhão, para Ricardo poderá ser a indicação de Edvaldo Rosas – candidato in pectoris de Coutinho – a vice para as eleições de outubro próximo. Indicação que, se concretizada, deixará Maranhão calado e em busca de explicações, mas que vai engolir em seco, isso vai.

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