quinta-feira, 12 de junho de 2008

OPINIÃO

DA TRISTEZA AO ORGULHO - Paulo Santos
Talvez o mortal comum não entenda como pode uma parcela de deputados federais – a maioria presente àquela sessão – ressuscitar o imposto do cheque sabendo que a maioria da população é radicalmente contrária àquela matéria. Elementar, meu caro: eles não estão na Câmara dos Deputados representando o povo brasileiro.
São essas votações importantes que determinam de que lado estão os parlamentares e, pra variar, eles nunca estão na mesma linha de pensamento do eleitor, daqueles que os mandaram para Brasília, daquele que puxa um trem carregado de impostos e que dá uma vida nababesca aos integrantes do eternamente deslumbrado Governo Lula.
Observe o paciente internauta que esse comportamento parlamentar adverso não é um “privilégio” dos que têm mandato federal. Aqui bem pertinho – na Assembléia e na Câmara de Vereadores – a maioria das bancadas também está atrelada ao Governo e, por conseqüência, também está pouco se importante com que pensa o eleitor/contribuinte.
O problema não é que esses deputados e vereadores componham maiorias. Isso acontece nas melhores democracias do mundo. A insatisfação decorre da submissão natural que decorre do atrelamento direto ao Poder Executivo.
Despir-se completamente de qualquer atributo de caráter ou personalidade parece ser a principal característica de um apoiador dos governos, somando-se a isso a deliberada intenção de renegar todos os princípios que se supõem sejam normais no exercício de um cargo público. Bom caráter hoje, em política, somente nos discursos.
A observação pode ser cruel e machucar egos sensíveis, mas infelizmente há muito a política deixou de ser uma simples arte. Passou a ser a arte do engano. E de enganar eleitores, principalmente. Curioso é que muitos desses políticos têm formação humanística – são advogados, médicos, etc. – cujos conhecimentos profissionais renegam algo que não seja confiável, principalmente na área de Hipócrates.
Os poucos políticos que se destacam, atualmente, são aqueles que têm projetos grandes, que ambicionam vôos altos. A maioria – quase todos – se perde nas miudezas. Não têm competência para exercer mandatos e preferem embolsar polpudas verbas de gabinete do que contratar assessores que lhes propiciem melhor rendimento no trabalho legislativo. Depois não sabem porque não se reelegem...
Exemplo maior é o Senado. Um senador não vai à tribuna com um discurso que não tenha sido trabalhado por uma assessoria competente, que procurou se embasar de informações para dar um conteúdo irretocável ao pensamento externado. Os pontos de vistas podem não ser os mesmos dos eleitores, mas os argumentos são alinhavados com competência.
Mas Deus é muito generoso com este país. Os índices do setor educacional – inclusive no domínio público - estão melhorando e isso é sinal de que as próximas gerações serão melhores no trato com os políticos e até os futuros políticos, oriundos dessa mudança, poderão orgulhar seus eleitores. Os de hoje, porém, só nos causam tristezas.

0 comentários: