sábado, 14 de junho de 2008

OPINIÃO

Parece, mas não é – Paulo Santos
Há muito que o corre-corre dos políticos sem consistência ganhou a sugestiva denominação de “salve-se quem puder”. O voto não vem pelo trabalho que têm no decorrer do mandato, mas do trabalho que eles dão aos integrantes do Executivo, principalmente àqueles indicados pelos próprios políticos.Agora mesmo, em João Pessoa, há um “salve-se quem puder”, com a maioria dos candidatos a vereador – os que tentam a reeleição e os que buscam chegar à Câmara pela primeira vez – se acotovelando nas principais vias de acesso àqueles que detêm poder em níveis estadual e municipal para escapar da guilhotina em outubro próximo.
Interessante nesse replay de eleições passadas é que todos se acusam mutuamente de fisiologistas, como se o fisiologismo fosse “mérito” de alguns e “demérito” de outros. Poucos, ou melhor, pouquíssimos conseguem manter coerência nos momentos decisivos de se posicionar por essa ou aquela candidatura.
Como o fator ideologis sumiu da política brasileira, também não vingam os esbregues sobre os pequenos, isto é, sobre vereadores, porque eles estão na ponta de um novelo onde há pedaços de linha mais grosos, mais influentes e que lhes repassam todos esses vícios da falta de personalidade política.
Nunca se sabe ao certo o que foi negociado por um presidente, um governador ou um prefeito com os partidos que o apóiam numa eleição. Fraternidade é que não foi. Irmandade, também não. Talvez seja o tal “espírito público” ou o “interesse pelo desenvolvimento do país, do Estado ou da cidade”. Interesses pessoais jamais entram nessa estória. É sacrilégio falar nisso.
O cidadão, que passa dois anos se dizendo com nojo de política, sempre está pronto para ir às urnas e sacramentar seu apoio em que lhes apela por um sufrágio. Tempos depois surgem as velhas acusações de que o povo não sabe votar. O povo pode até não saber em quem está votando, mas que vota errado, não. Cada voto naquela engenhoca eletrônica significa que quem menos demonstra interesse nas eleições é quem mais elege políticos. Bons ou ruins.

0 comentários: