sexta-feira, 27 de junho de 2008

OPINIÃO

Quem sabe faz a hora – Paulo Santos
O deputado Wilson Braga, hoje no PMDB, costuma dizer que político metido a sabido mais cedo ou mais tarde quebra a cara. O ex-Governador, com a experiência de mais de 50 anos de política, sabe do que fala, pois já participou de milhares de conchavos e articulações. É um professor e, infelizmente, sem um aluno para herdar sua sabedoria.
O presidente estadual do PMDB, José Maranhão, iniciou sua carreira política praticamente na mesma época do debut de Wilson Braga e, igualmente, acumula uma experiência excepcional no trato das situações políticas. Viveu inúmeras experiências, nos planos nacional, estadual e municipal que, relatadas, dariam vários livros.
Maranhão é, inclusive, um dos personagens centrais de uma das maiores disputas políticas no Estado nas últimas décadas e soube extrair lições importantes, conseguindo reverter um quadro aparentemente adverso contra o clã Cunha Lima e tornar-se a figura principal do PMDB no período pós-Humberto Lucena e pós-Antônio Mariz, entre outros.
Não há coincidência nem acaso para o fato de Maranhão estar novamente no epicentro de um episódio político que pode tornar-se histórico. O vulcão estourou nesta quinta-feira (26) quando o Conselho Político formado por Ricardo Coutinho deu uma demonstração de que está a serviço do alcaide e não do processo de transparência que todos os partidos defendiam.
Até ontem imaginava-se que Maranhão engoliria calado qualquer decisão de Ricardo Coutinho que não fosse um vice do PMDB ou, alargando os horizontes, do PT. Tudo indica que o líder peemedebista não conseguiu, em 2008, digerir a traquinagem do pupilo que ele ajudou a colocar na Prefeitura em 2004.
Consciente de que carrapeta não derruba pião, Zé partiu para o contra-ataque e mandou que o PMDB não só retirasse os nomes da lista de vices e, ainda, deixasse o próprio Conselho Político, segundo versões que correm na cidade. A ser verdade, é uma atitude digna, depois de tantas humilhações praticadas por Coutinho contra o PMDB nos últimos três anos.
A culpa, entretanto, não é exclusiva do alcaide. O PMDB tem parcela considerável nisso tudo. A pantomima criada com a indicação de Gervázio Filho na lista de vices, por exemplo, foi a maior de todas. O parlamentar disse, em alto e bom som, que essa indicação não era o seu sonho de consumo para 2008, porque seus olhos estão voltados para 2010.
Dentro de 48 horas – o espetáculo tem que terminar obrigatoriamente até segunda-feira – se saberá se Maranhão agiu com a característica austeridade ou se estava apenas jogando para a platéia. Como o PMDB tem convenção na segunda-feira (30), Maranhão pode até ser ungido candidato. E é aí que se poderia ver se Ricardo Coutinho de fato já é – ou não – uma liderança política consolidada.

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