quarta-feira, 11 de junho de 2008

OPINIÃO

SUPREMA HUMILHAÇÃO – Paulo Santos
Os mais jovens – e os não tão velhos, também – não se lembram, mas houve um tempo na Paraíba em que alguns políticos colocavam o interesse público acima daquilo que lhes era vantajoso em nível pessoal. Um deles era Humberto Lucena, que pontificou duas vezes como presidente do Senado e a quem tive a honra de assessorar.
Estas linhas não são para incensar ninguém, mas para lembrar o tempo da chamada Nova República, que deveria ser inaugurada por Tancredo Neves, mas foi solenemente consagrada por José Sarney, na união de forças democráticas que implodiu o famigerado Colégio Eleitoral das eleições indiretas e devolveu o voto direto para Presidente.
Com uma bancada federal comandada por Humberto Lucena, a Paraíba chegou a ocupar ministérios – como Celso Furtado, na Cultura – e alguns organismos nacionais com nomes de valor, como Antônio Mariz (no BNH), Mário Silveira (diretoria do Banco do Brasil), além de Ronald Queiroz na Cobal e outros que fugiram à memória. À época eram 12, como os apóstolos.
Posteriormente e já sem influência de Humberto a Paraíba emplacou um ministro da Economia (Maílson da Nóbrega), o embrião do Ministério da Integração (com Cícero Lucena) sem contar os nomes de categoria que se destacaram no Poder Judiciário neste e em outros períodos. A Paraíba esbanjava talentos e os transformava em cargos e benefícios para o Estado.
Os mais jovens vão se lembrar destes tempos em que vivemos, com a Paraíba com uma bancada federal – a ala governista – satisfeitíssima com seus pleitos pessoais aprovados, mas o Estado completamente abandonado pelo Governo Federal e desprovido de qualquer influência nos governos Lula.
O atual Governo, que se autoproclama servir a um “país de todos”, foi o que deu menos atenção à Paraíba após a redemocratização. Este é um Estado isolado, desprestigiado, jogado às traças, sobrevivendo mais pela força do seu povo do que por obra e graça dos seus representantes.
Éramos felizes nos tempos de Sarney e de FHC e não sabíamos. Tempos em que reivindicar era um dever e uma obrigação por causa do mandato outorgado e não a solicitação de um favor. Os nossos políticos sabiam, naqueles tempos, que o imposto cobrado na Paraíba tinha o mesmo valor do que era cobrado em São Paulo.
A Paraíba fica mais pobre e seus políticos ficam cada vez mais ricos. Alguns aumentaram seus patrimônios pessoais em níveis estratosféricos e o Ministério Público Federal se recusa a investigá-los. Outros não resistiriam a meia hora de escuta telefônica autorizada pela Justiça. Nada disso, porém, vem às ruas: a culpa também é de uma parte da imprensa. E não é da parte boa.
Os jovens vão se lembrar dos tempos atuais em que a Paraíba não ocupa cargos federais e ainda vê as representações de Brasília sendo retiradas daqui e levadas para outros Estados, sem qualquer protesto da bancada federal. Os Correios já se foram e a Agência de Aviação Civil está indo. Eles nos humilham e nossos representantes se calam.

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