segunda-feira, 8 de setembro de 2008

OPINIÃO

Tempo de plantar e de colher
O presidente estadual do PMDB, senador José Maranhão, tem marcado presença no Guia Eleitoral do prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSDB) e muitos eleitores têm indagado: quem está enganando quem com esse apoio explícito do companheiro Zé ao alcaide pessoense? Com diria Jack, o Estripador, vamos por partes.
Em primeiro lugar é preciso esclarecer que ninguém está enganando ninguém quando Maranhão aparece no Guia Eleitoral de Coutinho. O fato de ambos serem potencialmente candidatos a governador em 2010 não pressupõe que, nas eleições de 2008, estabeleçam antecipadamente um clima de confronto.
Em socorro a esse argumento é preciso esclarecer que ambos têm um inimigo comum: o esquema político liderado pelo governador Cássio Cunha Lima e integrado por uma liderança de peso na Capital que é o ex-prefeito e senador Cícero Lucena, presumivelmente também pré-candidato ao Governo em 2010.
Sendo assim, é mais do que justo que Maranhão e Ricardo dêem as mãos e caminhem juntos pelos bosques dos sonhos de 2008, inclusive porque precisam apoiar os seus candidatos a vereador e tentar estabelecer bases sólidas, na Câmara Municipal, para o embate geral daqui a dois anos.
O eleitor comum pode não compreender, por exemplo, a ausência do ex-senador Ney Suassuna na atual campanha de Ricardo Coutinho, mas é plenamente justificável. Ney continua apoiando Ricardo, mas quer distância de continuar vinculando sua imagem à de Zé Maranhão, pois o apoio explícito a Rômulo Gouveia (PSDB), em Campina Grande, diz tudo.
A aparição de Maranhão na Guia de Coutinho também tem esse caráter de exclusão das presenças – do ponto de vista do PMDB – indesejáveis no apoio ao Prefeito pessoense. Ney é uma dessas figuras que, hoje, são plenamente descartáveis para Zé e não apenas por causa das arengas passadas, mas pelos futuros embates.
Sabe-se que Maranhão tem verdadeira fixação por voltar a ocupar a principal cadeira do Palácio da Redenção, mas com a habilidade acumulada em mais de 50 anos de embates políticos não ficaria inibido de disputar a reeleição para o Senado numa chapa encabeçada por Ricardo e com possibilidades concretas de vitória.
Com duas cadeiras em disputa – a dele e a de Efraim Morais – Maranhão deixaria o confronto palaciano para Ricardo, possivelmente contra o próprio Efraim e contra Cícero, passando ao embate direto com o governador Cássio Cunha Lima e com Ney Suassuna para o Senado.
Vê-se, assim, que há três possíveis postulantes para cada uma das vagas de 2010: três para Governador e três para Senador. É confortante, para Maranhão, ter visibilidade no Guia Eleitoral do favorito nas eleições da Capital. Está plantando agora para colher em qualquer horta, em 2010.

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