quarta-feira, 10 de setembro de 2008

OPINIÃO

Imprensa puxa-saco
Há 36 anos moro na Paraíba e há pelo menos 30 vivo e sobrevivo da atividade jornalística. Nesse longo intervalo – quase uma vida – vi a ascensão e queda de vários jornalistas e radialistas que enveredaram pelo caminho da política. A maioria teve trajetória efêmera.
Alguns tiveram vitórias antológicas, como aconteceu com o inesquecível Enoque Pelágio, que saiu dos microfones da antiga Rádio Arapuan com seus dois programas – um ao meio-dia e outro, à noite – para ser consagrado vereador pelas empregadas domésticas, das quais ele se orgulhava de ser uma espécie de “príncipe”.
Ainda na Câmara Municipal, a memória não engana para enaltecer outro vitorioso – o colunista Abelardo Jurema Filho. Filho e irmão de peixes – o velho Abelardão foi deputado federal e ministro da Justiça, enquanto Oswaldo Jurema renunciou ao mandato em protesto contra a ditadura militar.
O exemplo mais marcante, porém, foi o salto dado pelo então colunista político do Correio da Paraíba, Soares Madruga, para uma cadeira de deputado estadual e, a partir daí, conduzir uma vitoriosa carreira que incluiu, dentre outras missões, lideranças de Governos e presidência da Assembléia.
Procuro sintetizar, nesses três rápidos exemplos, que profissionais da imprensa da Paraíba não são diferentes de outros que atuam no eixo Rio-São Paulo, não se entrincheiram por trás das palavras e, quando podem, vão à luta e à vitória nas eleições.
A opinião pública – e as pesquisas comprovam isso – tem a imprensa como um dos sustentáculos do que resta de credibilidade a alguns segmentos sócio-políticos deste país. Nem sempre, entretanto, essa admiração é traduzida em votos quando alguns nomes da imprensa põem o pescoço na guilhotina das eleições.
Agora mesmo, por exemplo, há vários colegas disputando cadeiras na Câmara Municipal de João Pessoa, a exemplo de Jonas Batista, Jota Ferreira e Sales Dantas. Estão no horário eleitoral gratuito mostrando a que vieram, colocando a cara com destemor. Se vão lograr êxito, é outra estória, que o 5 de outubro vai escrever.
Infelizmente a imprensa da Paraíba não é feita apenas de vitoriosos e postulantes em espaços políticos. Agora foi inaugurada a modalidade do jornalista puxa-saco, falsas vestais que fingem isenção e, no famigerado guia eleitoral, vão destilar a mais nobre arte da bajulação.
Já não basta ocupar nobres espaços da mídia para atacar adversários de quem simpatizam. Já não basta vender gato por lebre a quem assiste TV, ouve rádio ou lê jornal. O puxa-saquismo e a bajulação estão jogando no lixo o pouco que resta de credibilidade à imprensa paraibana e pessoense, em particular.

1 comentários:

Tião Lucena disse...

Paulo Santos, na lista de jornalistas e radialistas que entraram na política e ganharam um mandato, você faltou incluir Cardivando de Oliveira, que chegou a ser vice-presidente da Câmara. Um abraço do Tião Lucena.