sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Opinião

FALTA NEY
Cansado, sonolento, carregando o peso de uma semana em Brasília, encontrei o padre e deputado federal Luiz Couto (PT-PB) no aeroporto do Recife e, entre uma e outra avaliação do quadro político, eis que surge o nome do ex-senador Ney Suassuna.
Com a placidez típica dos sacerdotes, Couto deixa escapar uma observação que pode estar sendo compartilhada por milhares de pessoas neste momento: o trabalho do então senador Ney Suassuna, em busca de verbas para o Estado da Paraíba, faz falta em Brasília.
Couto despiu-se do componente partidário porque Ney, enquanto esteve no Congresso, integrava os quadros do PMDB, da base de Lula, mas com características próprias. A competência do “trator” do parlamentar de Catolé do Rocha transpôs os umbrais da legenda partidária.
Antes que alguém pense que há sentido depreciativo para qualquer um dos três senadores que estão no Congresso, é bom ressaltar uma palavra do parágrafo acima: características. José Maranhão (PMDB), Cícero Lucena (PSDB) e Efraim Morais (DEM) têm mais do que características diferentes.
Lucena e Morais, componentes de partidos de oposição ao ocupante de plantão do Palácio do Planalto, não têm muitas possibilidades de sucesso nas tentativas de arregimentação de verbas para o Estado ou prefeituras. Podem, no máximo, reivindicar a liberação dos tais “recursos carimbados”.
Maranhão tem a vantagem de ser senador da base aliada de Lula, mas tem a desvantagem de não ser um parlamentar voltado para infernizar a vida da burocracia responsável pela liberação das verbas, incluindo aqueles oriundas das chamadas “emendas de bancada” ou “de parlamentares”.
Voltando a Ney Suassuna, em seus mandatos adotou o estilo avassalador que parece ser a marca do empresário vitorioso, ou seja, vive azeitando a mola-mestra da máquina, que é o dinheiro. E dinheiro para o desenvolvimento de um Estado precisa sair do sócio majoritário, que é o Governo Federal.
Ney faz falta, sim, porque costumava agir como jumento no Sertão ou camelo no deserto: colocava o fardo nas costas e ia despachá-lo pessoalmente nos ministérios, quando não realizava célebres almoços ou jantares com autoridades federais, algumas das quais instaladas bem próximo dos cofres.
Quem vê o dinheiro público jorrando em outros Estados e a Paraíba sendo agraciada com migalhas tem que se revoltar e morrer de inveja. Verbas não caem do céu, mas pode ser fruto da determinação e da articulação de deputados federais e senadores. Era por esses caminhos que Ney costumava trafegar.

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