quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

OPINIÃO

PARAÍBA É MAIOR QUE O UMBIGO DOS POLÍTICOS
Há várias evidências cristalizadas em relação aos políticos em geral. Em primeiro lugar, atestada em todas as pesquisas de opinião pública, está a falta de credibilidade. A segunda – e mais grave que a primeira – é o alto índice de corrupção que contribui decisivamente para o descrédito.
Há, entretanto, um ponto que mantém os políticos cada vez mais afastados do eleitor e da sociedade em geral: a falta de cumprimento da maioria das promessas feitas antes das – e durante as - campanhas eleitorais. O day after de um político é um festival de amnésia.
Há aspectos em que até os imberbes chegam à unanimidade: a maioria dos políticos é inteligente e perspicaz, mas a quase totalidade é somente esperta. Há escritores consagrados, na literaturamundial, que provaram a diferença abissal entre inteligência e esperteza.
Mas os nossos políticos são craques, mesmo, em admirar seus umbigos e de tanto olharem para essa parte anatômica esquecem de vislumbrar os interesses dos seus eleitores, dos contribuintes, da população, ou seja, dos mais interessados no trabalho dos políticos.
Tome-se como exemplo o que está acontecendo na Paraíba. Os políticos de todos os partidos encontraram uma bela desculpa –o processo de cassação do governador Cássio Cunha Lima – para desviar o curso da vida e esquecer os interesses da população em geral.
Não há crise econômica, não há seca, não há desemprego, não há problemas estruturais, nada. Os políticos paraibanos só têm olhos, ouvidos, nariz e garganta para as questões que dizem respeito ao Governador e sua pendenga judicial no Tribunal Superior Eleitoral.
Os políticos rodopiam para lá e para cá, como pavões, fingindo que nãohá nada mais importante para debater, para discutir, para levar aos parlamentos do que a crise do mandato de Cássio. A agenda é totalmente tomada pelos interesses dos agrupamentos políticos e não pelos interesses da sociedade.
Houve quem se admirasse quando, em 5 de outubro passado, a população de João Pessoa foi ás urnas e mandou mais da metade dos seus vereadores de volta para casa e para seua afazeres particulares. A renovação foi grande na Casa de Napoleão Laureano, por decisão da maioria. Do eleitorado, é claro.
Isso, entretanto, não parece servir de lição para nossos eminentes deputados, sobretudo os estaduais. Continuam tratando de seus afazeres dissociados daqueles que os enviaram para a Assembléia e parecem não perceber que o eleitor, hoje, tem mecanismos de aferição do desempenho de cada um que eles desconhecem.
A Paraíba é maior do que o somatório de todos os umbigos de políticos que se possa imaginar. Está também faltando senso crítico à imprensa, que tem imensa responsabilidade nesse processo, para começar a reagir a esse desatino que grassa no Estado e que está, há muito, contribuindo para a valorização da mediocridade.

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