segunda-feira, 30 de março de 2009

OPINIÃO

ALARMANTE É A INSENSIBILIDADE
Fiquei tão triste quanto estarrecido ao ouvir o novo secretário estadual da Segurança Pública, Gustavo Gominho, dizer friamente que sete homicídios, ocorridos na Grande João Pessoa, neste final de semana que passou, não era um índice “alarmante”, completando que se tratava de números normais para uma Capital.
É uma pena que o segundo maior responsável pela Segurança Pública – o primeiro é o próprio Governador que o nomeou – ache “normal” que sete vidas jovens (somente no final de semana passado) tenham sido tiradas a tiros e facadas. Aliás, não importa se eram jovens ou idosas: eram vidas, pessoas iguais a nós, talvez apenas com problemas diferentes dos nossos.
A constatação de que sete jovens mortos apenas num final de semana não é um índice alarmante pode traduzir bem a idéia de como os setores responsáveis pela Segurança Pública deixaram de ver o cidadão como ser humano, mas apenas como estatística. O que dizem os pais de jovens que, como o Secretário de Segurança, têm filhos jovens?
Não conheço nenhum pai que, seja qual for a quantidade de filhos que crie, veja sua prole apenas como uma escala aritmética. A visão é outra, sentimental, apaixonada, carinhosa, que supera a simples intenção da perpetuação da espécie.
Como dizer ao Secretário e às demais autoridades da Segurança que queremos nossos jovens vivos e não mortos até a escala dos índices “alarmantes”? Não quero apenas ver vivos os meus jovens, mas os deles e os de todo o mundo.
O que mais assusta: sete jovens mortos a tiros e facadas ou autoridades que vêem a morte sob o prisma técnico, desprovido do caráter existencial? Não esquecer que estes foram os mortos de apenas um fim de semana, o que passou. Não é o somatório de todos os finais de semana deste ano ou dos anos anteriores.
O índice no qual queremos introduzir os nossos jovens não aqueles sugeridos pelos caixões que baixam as sepulturas nem pelos rios de lágrimas derramados por pais e mães em qualquer parte do mundo. Queremos ver as estatísticas das notas escolares ou vertendo lágrimas de euforia pelas vitórias desses jovens na batalha péla vida.
Queremos ver nossos jovens vivos e felizes, sem comporem índices alarmantes – ou não – da violência. Queremos que nossos jovens sejam tão vitoriosos quanto o são o Secretário de Segurança e as outras autoridades. E um pouco mais de sensibilidade não faz mal a ninguém.

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