sábado, 25 de abril de 2009

OPINIÃO

A DIVISÃO DAS BANCADAS
Lenta e gradualmente as bancadas começam a vestir as camisas dos futuros candidatos ao Governo da Paraíba em 2010. Não há anúncios, não se ouve discursos laudatórios, os debates aparentam continuar sendo travados apenas entre dois segmentos que se detestam e assim por diante.
Conversa fiada é o que não falta na Assembléia. Há os que, de fato, cortam um braço por José Maranhão ou por Cássio Cunha Lima. Ninguém, entretanto, vai á fratura exposta em defesa de Cícero Lucena ou de Ricardo Coutinho. Cautela e caldo de galinha nunca fizeram ninguém virar defunto.
Os movimentos políticos, porém, são lentos e calculados dentro – e fora – da Casa de Epitácio Pessoa. Ninguém dá espaço para que o companheiro ao lado desconfie de nada, mesmo que um ou outro se deixe levar pela pressa em algumas ocasiões. Ninguém quer dar motivos para subir a escadaria da guilhotina da infidelidade partidária.
Quem diria, hein? A questão da infidelidade partidária, uma lei que o Congresso deixou escapar e resgatada posteriormente pelo Tribunal Superior Eleitoral, agora é o principal empecilho para que o bloco formado por Cássio se pulverize e desmanche como Sonrisal dentro d´água.
Apesar da fidelidade partidária ser uma camisa-de-força, de impor uma mordaça a quem gostaria de bradar em alto e bom som que não sobrevive sem (qualquer um) Governo, mesmo assim a fila está andando, os conchavos estão acontecendo, so acertos estão sendo feitos.
Justiça se faça a gregos e troianos: os deputados que andam borboleteando em volta do poder não o fazem apenas e tão-somente aproveitando o ímã do Palácio da Redenção. Um novo componente começou a guilhotinar Cícero e Maranhão: o prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho.
Quem pensar que a bancada de apoio ao alcaide da Capital compõe-se apenas dos socialistas Leonardo Gadelha e Carlos Batinga está enganado. Ambos são correligionários do Prefeito, mas devem voto de fidelidade também a Maranhão. Expedito Pereira não conta porque seu DNA é maranhista apesar da carteirinha socialista ter sido arranjada antes do resgate da lei da fidelidade partidária pelo TSE.
Quem, então, começa a rezar com o rosto virado para Água Fria? Alguns parlamentares que até poucos dias faziam juras de amor a Cássio e Cícero. São esses que, nos bastidores, dizem que o lançamento do nome de Cícero para Governador ocorreu apenas para o preenchimento do espaço que estava desmesuradamente ocupado por Maranhão e Ricardo.
Outro tipo de atração também mantém alguns desses deputados presos ao planeta tucano. Como me disse um deles, esta semana, ninguém é louco de subestimar o grupo Cunha Lima com Arthur na presidência da Assembléia. Ser abandonado de um Palácio é ruim, mas cair em desgraça dentro de casa é pior.
Quando será o estouro da boiada, ninguém pode prever, até pelas circunstâncias – e inseguranças – jurídicas que posições precipitadas poderiam gerar. Imagine um deputado com reeleição praticamente garantida ser abatido em pleno vôo por uma expulsão por infidelidade partidária. Até provar o contrário, na Justiça, veria companheiros desempenhando um ou dois mandatos. Só isso e o medo do fogo do inferno que Arthur controla é que ainda impedem uma revoada de tucanos para o outro lado da Praça João Pessoa ou para o Paço Municipal.

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