terça-feira, 19 de maio de 2009

BRONCA E BAIRRISMO

Recebi um excelente texto da presidente do PMN, Lídia Moura, que nas horas vagas da política também é jornalista. Não concordo com algumas observações da autora, sobretudo pelo bairrismo exacerbado, coisa que não condiz com os tempos modernos tampouco com a busca de caminhos que conduzam a Paraíba para o desenvolvimento, mas a liberdade de expressão é dos pressupostos da democracia. Eis o raciocínio de Lídia:
E os vereadores de Campina Grande foram para João Pessoa.
Buscar o que? Fazer o que?
O que leva nove vereadores de uma cidade como Campina Grande a deixarem seus afazeres de importantes agentes políticos, de oposição ainda mais, para rumarem ao mesmo tempo, em comboio, para a Capital.

Esgotaram-se as possibilidades de debate público em Campina? Ou muito menos, a campanha de 2010 já começou e daqui para frente só veremos essa pauta.

Já havia ficado sem entender quando chamaram o prefeito da capital para o Dia Internacional da Mulher. Não que um homem não possa fazer essa discussão, mas temos vereadoras em Campina Grande que, certamente, sabem do seu papel na representatividade da luta das mulheres.

E temos mais em Campina. Temos o movimento civil organizado. Temos importantes Ongs da luta feminista. Temos grupos de trabalhos e estudos nas Universidades de nossa cidade, todos ansiosos pela oportunidade do debate e de apresentarem, na Câmara, números, estudos, pesquisas, anseios, discussões sobre a vida e a luta das mulheres. Apenas para citar: ONG Menina Feliz, Grupo Flor e Flor, Rede de Mulheres em Articulação, Instituto Elizabeth Teixeira, Colméia e tantos outros. Qualquer homem, por mais solidário que seja (e nem me parece o caso), é coadjuvante nesse dia simbólico. E sim, este é um momento para ser conduzido por mulheres. Não pode ser diferente.

Voltando à reunião de João Pessoa, busquei nas entrelinhas, nas explicações, nas entrevistas e nada se pode avistar de concreto na infantil tomada de benção aos pés do prefeito da capital. Não conhecesse o valor humano dessas pessoas, diria que a turma, tendo perdido a eleição majoritária e um pouco mais, saiu por aí atordoada para buscar, a laço, um adversário que faça o seu trabalho.

Será que, no anseio de tentar pirraçar o prefeito da cidade, opta-se agora por importar um político de João Pessoa e deixar de lado os agentes da própria cidade? Ou os nossos não sabem de nada, nada entendem? Chegamos, porventura, à conclusão de que Campina Grande politicamente está acabada e temos agora de pedir socorro à capital?

É preciso cuidado, pois as circunstâncias não podem se sobrepor ao contexto maior. Campina Grande é, sem dúvida, a cidade mais importante no cenário político da Paraíba. Pulsa política e tem decidido as eleições. Eu não sou afeita à rivalidade das cidades, mas entregar esse posto de mão beijada para a capital, que já leva tantas vantagens, é, para dizer o mínimo, muita ingenuidade. Amadorismo mesmo.

O vereador e a vereadora de uma cidade (qualquer cidade) são talvez os agentes públicos mais importantes do cenário político, pois são aqueles que estão mais próximos do eleitor, do anseio popular, do povo.
Se estiverem perdidos, estaremos perdidos todos. Espero, pois, que o equilíbrio se recomponha e a oposição, os vereadores e as vereadoras de nossa querida Campina Grande partam para o debate e a exigência de políticas públicas que contemplem nossas crianças, nossas mulheres, nossos jovens, nossos lindos meninos e meninas da melhor idade. Todos e todas que tendo ou não votado neles, esperam maturidade e discussões que coadunem com o sagrado mandato conferido, certamente, para voltar os olhos, antes, para nossa aldeia.

Lídia Moura
Jornalista, Presidente do PMN 33
lidiamouras@uol.com.br

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