sábado, 12 de setembro de 2009

A MORDAÇA DE RUY

A assessoria do presidente do PSDB de João Pessoa, deputado Ruy Carneiro, distribuiu neste sábado (12) uma nota contendo algumas inacreditáveis “sugestões” aos seus companheiros e a mais densa “pérola” é a de que os tucanos adotem a “lei do silêncio”.
É inacreditável por vários motivos e o primeiro deles é o deputado Ruy Carneiro utilizar-se da imprensa - punida por veicular opiniões dos tucanos - para dar sua opinião a respeito do processo de discussão que não foi aberto por ele para debater rumos políticos visando as eleições de 2010.
As declarações de Carneiro também são inacreditáveis porque ele tenta cercear o direito mais sagrado da democracia que é a discussão de idéias, a formulação de opiniões sobre os temas que estão na pauta da convivência entre as partes de uma disputa, segregando grandes e pequenos, gigantes e insignificantes.
É inacreditável ainda que em pleno século 21 uma liderança jovem e promissora como Ruy Carneiro tenha a ousadia de propor que todos se calem para que se espere a manifestação dos deuses. Terá o parlamentar tucano se deslumbrado com o secular e retrógrado sistema de castas mostrado pela novela Caminho das Índias?
Não se sabe ao certo se a ideia da “lei do silêncio” é da iniciativa de Ruy ou se foi sugerida por um dos deuses aos quais ele dá a impressão de adorar no Olimpo tucano. Qualquer que seja a resposta, impõe um erro estratégico para quem ocupa um cargo importante na hierarquia do PSDB da Paraíba.
Ponto um: Ruy comete o inevitável erro de se intrometer num processo do qual está publicamente ausente há vários dias, mais precisamente desde que abriu mão temporariamente do mandato de deputado estadual e isso pode ter ocorrido exatamente para sair do foco das discussões.
Ponto dois: Ruy chega tarde e atrasado ao palco onde se desenrola o espetáculo político, pois quando ele sumiu da Assembléia a discussão já estava posta, com Cícero lançado pré-candidato e Ricardo Coutinho “engolindo” todos os seus desafetos que rodeiam Cássio, Ronaldo e demais membros do clã Cunha Lima.
É impressionante como, nos quatro cantos do mundo, a liberdade de expressão só perde, em termos de espancamento, para a guerra de Chávez contra os meios de comunicação e a formação gramatical do Lula. Ruy – felizmente – não imita o nosso líder sindical, mas parece ter um espírito, digamos, bolivariano.

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