quarta-feira, 11 de novembro de 2009

NOSSO MURO NÃO CAI

As duas últimas semanas têm sido dominadas por um sentimento de euforia, em todo o mundo, na comemoração pelos 20 anos da queda do muro de Berlim. É um comportamento plenamente justificável pelo que simboliza aquela ação, em favor da liberdade, o fim da opressão e o enterro da separação de um povo.
Os alemães não têm mais a barreira que não dividia apenas as famílias, mas distanciava afetos, sufocava carinhos, alimentava angústias, exacerbava a saudade, estimulava solidões, oxigenava ódios, mutilava desejos e deixava amores longínquos.Que bom ver cair o muro deles! E o nosso, aqui na Paraíba, quando cairá?
Essa é uma pergunta difícil de responder porque poucos percebem os muros que foram erguidos dividindo interna e isolando externamente os paraibanos em face de uma guerra política.
Yes, nós temos muro! Há mais de uma década esse Estado encontra-se literalmente dividido em duas facções que descontroem tudo aquilo que vinha sendo feito há séculos, que impõem barreiras às perspectivas de um desenvolvimento saudável.
Fala-se muito em “desenvolvimento sustentável”. A situação da Paraíba, essa sim, é insustentável. Ainda está para nascer o paraibano – ou paraibana – que colocará um ponto final nessa disputa inepta, que arranque um a um os tijolos do muro que nos separa do bom senso e da pacificação.
Se na Alemanha havia motivos econômicos, étnicos e ideológicos para tentar justificar o injustificável – a construção de um muro vergonhoso – aqui também há quem saboreie economicamente a diáspora paraibana, essa estúpida divisão que conspira contra o futuro desse Estado.
A diferença entre Berlim e a Paraíba é que, aqui, você pode ultrapassar o muro invisível que nos separa de Pernambuco, do Ceará, do Rio Grande do Norte... Melhor seria que ficássemos confinados, pois nos seria poupada a percepção de que esses Estados se desenvolvem, se agigantam dia após dia.
Pernambucanos, cearenses e potiguaras sabem que desenvolvimento não é apenas um vocábulo, não começa e termina como uma palavra, mas é algo concreto, até de concreto armado, que aparece nas obras arregimentadas pelos seus políticos.
Daqui, de trás dos nossos muros, saudemos:
Parabéns, Berlim! Rogai por nós!

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