segunda-feira, 28 de julho de 2008

OPINIÃO

A CARTILHA DA IGREJA
Imagine se um cidadão europeu ou norte-americano aceitaria votar num candidato a Presidente da República, Governador, senador ou deputado seguindo os ditames de uma cartilha elaborada por uma igreja católica, anglicana, presbiteriana ou budista. Nem pensar.
Religião é uma coisa e política é outra. Uma não vive sem a outra, mas cada qual na sua. Deveria ser assim, mas se isso acontecer não é – nem será – no Brasil. A Igreja, aqui, é um Estado dentro de outro Estado. É uma instituição que se mete em tudo, amparada apenas na parcimônia histórica.
Acompanhando as comitivas dos “descobridores” portugueses, passando pelo domínio de generosas fatias de terras urbanas e rurais, bem como das restrições ao uso de camisinha, contrária à Lei do Aborto, consumidora de vinho e defensora intransigente da Lei Seca, assim é a Igraj Católica.
Um costume adquirido durante a ditadura militar brasileira – a edição de cartilhas – continua sendo mantida pela Igreja nesses tempos de democracia. Não se deve fazer restrições às boas intenções do clero católico quando põe um instrumento desse nível à disposição da sociedade, mas convenhamos que é inoportuno.
A Igreja dispõe de mecanismos insuperáveis de chamar a consciência popular para o valor das eleições e do voto e o maior deles é o púlpito, mas observa-se que essa ferramenta em muitos casos presta um desserviço, pois está á disposição de padres-candidatos a cargos eletivos.
E o que fazem os sacerdotes que enveredam pelo caminho da política? Utilizam-se dos mesmos mecanismos dos mortais comuns para galgar os plenários e chegar a outro tipo de púlpito – as tribunas das casas legislativas ou as cadeiras dos postos executivos.
Não se queira ver cabelo em casca de ovo e imaginar que a política seja composta apenas de maus elementos. Ao contrário, é necessário separar o joio do trigo. Começando pelo fato da Igreja encontrar outra fórmula de comunicar-se com o eleitor. Que tal, por exemplo, um maior entrosamento com as escolas de 1º, 2º e 3º graus? A educação é o melhor caminho para a conscientização.

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