quinta-feira, 24 de julho de 2008

OPINIÃO

PRECISAMOS DE DEVOLUÇÃO
Um dos momentos mais aguardados pela classe média, aquela eternamente espoliada pelos governos, é o da devolução do Imposto de Renda. O IR recolhido “na fonte”, isto é, retirado dos ganhos do contribuinte antes mesmo dele se apoderar do dinheiro, é um dos desses artifícios cretinos dos burocratas que o Congresso não tem coragem de aniquilar como fez com a CPMF.
Depois de longos e penosos meses o Governo devolve o que recolheu “na fonte”. Eles fingem que são bonzinhos e todos nós fingimos que ficamos satisfeitos. Mas há outras coisas que escapam dos nossos bolsos e não voltam para o cidadão de forma alguma, pois elas estão disfarçadas sob cascas intransponíveis, sem qualquer possibilidade de retorno.
Tome-se como exemplo as verbas das loterias administradas pela Caixa Econômica Federal. O banco alardeia aos quatro cantos que parte dos recursos é destinada a investimentos sociais. E são mesmos, ressalte-se, mas distribuída de forma injusta, para usar uima expressão light.
Toda semana alguns milhões de reais são transferidos da Paraíba, para os cofres da Caixa, via jogos como Mega Sena, Lotomania, Lotofácil, Quina, Dupla Sena, Loteria Federal, Timemania, etc. Um número insificante de acertadores paraibanos tem tido a sorte de colocar a mão em prêmios.
O desequilíbrio é evidente. Qualquer parlamentar federal pode pedir à Caixa que forneça números de arrecadação na Paraíba e quanto há de retorno via prêmios. A disparidade será abissal, como escreveria meu guru Gonzaga Rodrigues. E isso torna o povo paraibano um pouco mais pobre, a cada semana.
Já está passando da hora que o Congresso, via bancadas do Estados pobres, coloque esse tema em discussão. É chegado o momento do apostador paraibano deixar de encher os bolsos dos apostadores que moram nos Estados mais ricos. É chegado o momento de se exigir paridade.
É bem verdade que os Estados mais poderosos têm maior número de apostadores e, conseqüentemente, de valores apostados e, por isso, teriam direito a um volume proporcional em benefícios sociais. Mas pra início de conversa precisa-se saber qual é a participação de um Estado como a Paraíba nesses bolos.
Sim, é no plural. No bolo de entrada e no bolo de saída. Quanto a Caixa gastou na Paraíba, por exemplo, patrocinando clubes e atletas como o faz em outros Estados? Não lembro de ter visto nada. Quanto a Caixa investe em outras atividades, na pequeni e heróica Paraíba, como o faz em outros Estados.
A Caixa, como um banco social, sequer tem alguns dos seus investimentos regionalizados. Ela adora que os paraibanos sejam seus clientes, que apostem em suas loterias, mas não dá nada em troca, nada devolve à população que tanto a presstigia.
Ninguém quer que a Caixa invista num só Estado ou numa só região todos os recursos arrecadados com loterias, mas deveria adotar um critério para melhor distribuição dos recursos. Se a Paraíba contribui com 0,00001% da arrecadação não pode receber diretamente 0,00001% dos benefícios sociais? E não se venha com a conversa fiada de que já se investe em água, esgoto, casa própria, etc.
Essa é outra estória. A idéia está sendo oferecida – gratuitamente, por sinal – para que qualquer parlamentar paraibano possa adota-la. Difícil será que algum se mobilize para isso. Há outras formas dos recursos da Caixa chegarem a seus eleitores ou patrocinadores.
Chegou a hora da devolução. Que comece pela Caixa. Depois vamos atrás das empresas de telefonia, das distribuidoras de combustíveis, das grandes redes de supermercados e de muitos outros que aqui faturam milhões e aqui nada reinvestem. Nosso suado dinheirinho se transforma em lucros exorbitantes e esse Estado se vê cada dia mais pobre.

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