terça-feira, 12 de agosto de 2008

OPINIÃO

CAI MAIS UMA CAIXA-PRETA
Graças à iniciativa da Justiça, à intervenção da Polícia Federal e à coragem de alguns vereadores parece que, finalmente, vai ser aberta mais uma caixa-preta eleitoral que não é “privilégio” de João Pessoa, que é a do “vendedor de votos” disfarçado de líder comunitário ou pastor evangélico.
Há muito – e bote muito nisso – se sabe que há esse comércio de votos, não apenas para vereador, mas para todos os cargos eletivos – governador, senador, deputado federal ou estadual. Os diversos segmentos envolvidos no combate a essa prática nefasta sempre esbarrou em alguns obstáculos.
O cipoal de leis que envolve uma eleição, por exemplo, é uma dessas barreiras praticamente intransponíveis. A Polícia faz a sua parte, o Ministério Público faz a dele, a Justiça tenta fazer a dela, mas poucos são punidos ou ninguém paga pela ilicitude praticada durante os períodos eleitorais.
Na Paraíba há inúmeros casos, de eleições antigas ou recentes, cujos acusados passeiam livremente pelas ruas da Capital e do interior sem serem molestados, alguns exercendo as mesmas atividades que exerciam sem que sejam perturbados nas suas sacrossantas funções.
Em certa eleição não muito distante soube-se que um candidato a deputado estadual com bases no interior contratou duas mil pessoas, na Capital, para fazer a chamada “boca-de-urna” proibida pela legislação por expressiva quantia em dinheiro. Deu-se duplamente mal: não foi eleito e, para completar, teve um número de votos em João Pessoa inferior ao de contratados para “trabalhar” no dia da eleição.
Mais surpreendente é que esse mesmo candidato declarou, há poucos dias, que a Justiça estava sendo muito rigorosa, etc., com os postulantes a uma cadeira de Prefeito ou de vereador. Rigorosa? Desde quando cumprir a lei é algo “rigoroso”? A Justiça tem sido até branda, diga-se a bem da verdade.É bom que os procedimentos iniciados para detectar esses “comerciantes de votos” não morram nop nascedouro. É necessário a Polícia Federal, o Ministério Público e – principalmente – a Justiça, chegar a esses camelôs – com todo respeito aos vendedores informais – e os ponha na cadeia. Se um for punido intimidará o aumento do assédio nas eleições futuras.

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