segunda-feira, 27 de outubro de 2008

OPINIÃO – O COMEÇO DE 2010

Quando terminou a apuração do segundo turno, em Campina Grande, o prefeito reeleito Veneziano Vital foi ao Parque do Povo – uma espécie de Panteão da Glória – e, de lá, se pronunciou para a pequena multidão que se aglomerara para festejar, com justa razão, a vitória sobre o clã Cunha Lima.
Veneziano, que nos discursos, nas entrevistas e nos debates abusa de passear pelos verbetes dos dicionários para dar ênfase à sua erudição, foi direto e objetivo: pediu união aos campinenses quando o pleito se encerrava. A reeleição, deve ter pensado com seus botões, é hora de arregimentar também as legiões perdedoras.
Falar aos seus eleitores, que não foram maioria, era o óbvio, mas tem que se dedicar uma atenção especial aos derrotados, pois eles poderão ajudá-lo nos embates futuros, sobretudo quando foram colocadas à mesa as cartas de 2010 diante de um clã Cunha Lima combalido em seu próprio território.
Falar ao Parque do Povo é uma coisa, como o fez Veneziano. Falar ao Oceano Atlântico é outra, como o fez o prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho. Uma coisa é ser vencedor, como Veneziano e Ricardo. Outra coisa é ser aliado – e uma espécie de guru – dos vencedores, como o senador e presidente estadual do PMDB, José Maranhão.
O processo de comunicação, aliás, exigirá muito da inteligência - e dos cofres públicos - nesse embate entre Veneziano e Ricardo. O prefeito de Campina Grande, devido à localização dos veículos comunicativos, fala mais para o interior e menos para o litoral. O prefeito de João Pessoa fala mais para o litoral e menos para o interior do Estado.
Outras diferenças deverão surgir ao longo do processo que desaguará em 2010, mas o principal merece observação: os dois partem para 2010 com exércitos de tamanhos diferentes. O partido de Veneziano abocanhou seis dezenas de prefeituras e o de Ricardo apenas uma dezena.
Ou será que essas sete dezenas de prefeituras é patrimônio do senador José Maranhão? Ninguém sabe. Quem quiser ser ungido candidato tem que afagar o ego de muito prefeito, vice-prefeito e vereador por esse Estado afora. A eleição municipal foi boa para a oposição, mas pelo visto união – ou unidade – não é o forte desse time.

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