segunda-feira, 3 de novembro de 2008

OPINIÃO – MODELO EXAURIDO

Quais as lições que podem – e devem – ser extraídas pelos agentes políticos a partir do resultado saído das urnas eletrônicas de 2008 na Paraíba? Não são poucos os ensinamentos que podem ser obtidos a partir de um resultado eleitoral. Difícil é ter humildade e paciência para percebê-los.
Uma delas pode ser considerada fundamental e deve ser observada pelo governador Cássio Cunha Lima, que lidera um megaesquema político e tem pretensões de voltar a participar de uma eleição majoritária em 2010, desta vez tentando conquistar uma das duas cadeiras do Senado que estarão em jogo.
Logo após a divulgação dos resultados, Cássio teria dito em entrevista que “em eleição se ganha ou se perde”. Às vezes se empata. Mas não são os filosofismos que explicam as vitórias ou as derrotas. A objetividade é necessária, na reflexão, sob pena dos protagonistas perderem o senso da realidade.
O que o governador Cássio Cunha Lima deveria observar, além do detalhe da derrota, é o fenômeno que a cerca: o modelo de fazer política, do clã Cunha Lima, pode ter-se exaurido, pode estar pedindo reformulações, necessita de modificações nos planos interno e externo.
Na Paraíba, como na maioria dos Estados brasileiros, os modelos políticos são obsoletos, antigos, arcaicos, não acompanharam a evolução da sociedade, sobretudo no que diz respeito à convivência com a juventude. Muitos políticos ainda tentam amarrar cachorro com lingüiça.
O esquema político de Cássio é o alvo desse comentário sobretudo porque sofreu duros revezes nos dois principais colégios eleitorais paraibanos – João Pessoa e Campina Grande – apesar de ter feito a maioria das prefeituras médias e pequenas, nas diversas regiões.
Há quem possa dizer, inclusive, que não há sequer modelos políticos, antigos ou novos, aplicados na Paraíba. Existem e seguem à risca a determinação dos responsáveis pelos currais eleitorais, inclusive de novas lideranças surgidas nas eleições mais recentes de Cabedelo a Cajazeiras.
Observar que os modelos estão se exaurindo, ressalte-se, não quer dizer obviamente que esses esquemas políticos estão fados a listar derrotas eleitorais. É um sinal de alerta, isso sim, não apenas para rejuvenescer a mentalidade política, mas também para advertir a sociedade para os discursos proferidos nas campanhas.
Mesmo que a legislação eleitoral não tenha mudado, a sociedade mudou, os costumes mudaram, os meios de comunicação mudaram, a Justiça e o Ministério Público mudaram. Enfim, diante de tantas mudanças, nada mais resta do que os líderes políticos também procurarem uma reciclagem nas suas estratégias.

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