terça-feira, 30 de dezembro de 2008

OPINIÃO

MODÉSTIA, CARÊNCIA OU ESTRATÉGIA?
A primeira “leitura” política que se pode fazer do futuro secretariado anunciado nesta segunda-feira (29) pelo prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB), é a de que não reflete, em hipótese alguma, a impressão de aspirações ao Governo do Estado. O grupo tem um feitio eminentemente local e não conta com nenhum nome de expressão estadual, como poderia ser invertido se tivesse, por exemplo, a presença do ex-deputado Gilvan Freire.
Não se sabe se por carência de lideranças, por modéstia ou por estratégia, Ricardo mais uma vez não dá pistas se será candidato ao Governo em 2010. Talvez não seja o caso de colocar freio na sua ascensão meteórica na constelação política da Paraíba, mas deve ter preferido esperar sobre o que dirá o Tribunal Superior Eleitoral no processo contra o governador Cássio Cunha Lima.
Desde a escolha de Luciano Agra para vice-prefeito, quando fez o mais ousado lance de que optaria por uma equipe “caseira” no segundo mandato, Ricardo não dá demonstrações explícitas de comprometimento com 2010. O máximo a que chegou, agora, foi “roubar” Marcelo Weick da equipe de advogados do senador José Maranhão (PMDB).
A transferência de Weick de um status para outro não representa absolutamente nada num possível confronto entre Coutinho e o velho cacique peemedebista. Ao contrário, a escolha foi feita por indicação pela experiência de Weick nesse terreno minado do Direito Eleitoral. Poderia também representar uma espécie de “laboratório” para uma Procuradoria Geral do Estado, que requer muita experiência profissional.
O mais importante da definição de Ricardo, no anúncio da nova equipe, foi o esclarecimento de que Luciano Agra será um “super-secretário”. Tudo indica que Coutinho tentará reeditar, em nível municipal, o que Ronaldo Cunha Lima e Cícero Lucena fizeram ao longo do Governo do pai de Cássio no Estado.
Explico: mesmo com toda a experiência acumulada de mandatos como Prefeito de Campina Grande, Ronaldo aproveitou a vivência empreendedora do seu vice, Cícero Lucena, para comandar a parte administrativa da “máquina” estatal. Ou seja: Cícero arregaçou as mangas para comandar a equipe e Ronaldo ficou com tempo para fazer política e poesia.
Mais modesto porque não tem dotes de poeta, Ricardo Coutinho entregará o comando administrativo a Luciano e sairá nos seus périplos – na condição de presidente estadual do PSB – em jornadas que pretendem culminar com a candidatura a Governador em 2010. Se não for possível, o projeto será adiado para 2014. Quem esperava que houvesse enxertos de Campina Grande, do Brejo e do Sertão, no secretariado de Ricardo, enganou-se redondamente.

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