terça-feira, 23 de junho de 2009

OPINIÃO

GRANDES E PEQUENAS INUTILIDADES
A atividade política é uma das mais inquietas do gênero humano. Inquieta e cara, em todos os sentidos, principalmente para os contribuintes, para aqueles que deixam o suor depositado nos bancos sob a forma impostos. Legal ou ilegalmente, o cidadão termina pagando a conta.
A criação de alguns mecanismos de divertimento dos políticos é legal, mas caro$ para a inutilidade contida em sua essência. Há outras criações, como os atos secretos do Senado, que são caros e hiperilegais, num divertimento que nos empobrece finaceira e moralmente.
Voltando ao mote da inquietação: os políticos não costumam se contentar com o que tem (há duplo sentido nessa expressão). Se conquistam um mandato, imediatamente já pensam em outro. O vereador pensa em ser deputado estadual que, por sua vez, pensa em ser deputado federal que sonha em ser senador, que dorme e acorda pensando em ser governador e, se possível, convencer seu partido de que pode ser presidente ou vice-presidente da República.
Quando não há oportunidade de conseguir a ascensão através das urnas, criam-se mecanismos através dos quais acentua-se o poder – de mando e de barganha. Importante é que o poder não se restrinja ao espaço conquistado, seja na Câmara de Vereadores, na Assembleia, na Câmara dos Deputados, no Senado e por aí vai.
Alguns desses sinônimos de inutilidade podem estar longe – como o Parlasul ou a Unale – ou próximos – como o Parlatino ou o Parlacrem. Não está familiarizado com essas siglas? Vamos lá: Parlasul é o Parlamento do Mercosul, ou seja, senadores e deputados dos países-membros do Mercosul compõem esse colégio que, após alguns anos de funcionamento, o máximo que fez foi consumir dinheiro dos endividados países da América do Sul.
A Unale é a União Nacional das Assembléias Legislativas e não precisa descer a detalhes de que congrega os deputados estaduais de todo o país com a mesma (in) utilidade do Parlasul. Mas os senhores deputados estaduais não ficam satisfeitos em torrar dinheiro do contribuinte com uma entidade nacional e saem em busca de regionalismos.
O Parlatino é o mais recente e vem a ser um tal Parlamento Nordestino cuja (in) utilidade só rivaliza com o Parlasul e com a Unale. Dias atrás quase todos os parlamentares estaduais paraibanos fizeram excelentes viagens de turismo para os Estados do Pará e do Piauí para “participar” de eventos da Unale e do Parlatino. Voltaram cansados de tantas atividades produtivas e que relataram na primeira oportunidade no plenário "José Mari". Você viu e acreditou em tudo o que disseram.
Não pense que a coisa para por aí. Agora os vereadores também resolveram criar uma pequena sucursal do Parlasul, da Unale e do Parlatino. Os chamados “parlamentares mirins” de João Pessoa criaram um certo Parlacrem (nome horroroso, esse!), que auto-intitulou-se de Parlamento da Região Metropolitana de João Pessoa.
É importante destacar que a maioria dos vereadores de João Pessoa, de Bayeux e de Santa Rita – para ficar apenas nos exemplos maiores – pouco ou nada discute de importante em benefícios para a população, mas resolvem criar um parlamento paralelo para lá não fazerem o que também não fazem em suas respectivas Câmaras.
Todos esses mecanismos da inquietação dos políticos – Parlasul, Unale, Parlatino, Parlacrem e outros – nascem e se sustentam sob os olhos cúmplices da imprensa brasileira, regional e local que perdeu o senso crítico. A imprensa está preocupada em perseguir pessoas e não combater as idéias que provocam sangria nos cofres públicos.

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