terça-feira, 13 de outubro de 2009

NO TEMPO DOS TRIBUNOS

Houve um tempo em que a tribuna da Assembleia dava notoriedade ao parlamentar em função do conteúdo dos discursos. Os debates eram acalorados, apaixonados, inflamados e muitas das vezes esses ingredientes serviram de combustível para conflitos.
A Assembléia da Paraíba – como várias outras casas legislativas deste país – forjou muitas figuras que ganharam o epíteto de “tribunos”. Os discursos ultrapassavam os limites do raciocínio formal, derrubavam as fronteiras do pensamento comum e lapidavam a inteligência ao grau de brilhantismo.
Não seria demais relembrar Ronaldo Cunha Lima, Sílvio Pélico Porto, Isaías Silva, Waldir dos Santos Lima, Eilzo Matos, Tarciso Telino e Assis Camelo – para citar apenas alguns que se notabilizaram como tribunos, num tempo em que ainda tínhamos um exemplar raro dessa espécime que atendia pelo nome de Raimundo Asfora.
Tribunos e tribuna formaram dupla inseparável no decorrer da história política da Paraíba. Não se sabe bem se eram cúmplices na expressão estética do discurso ou irmãos siameses exemplos da beleza necessária à capacidade de romantizar a política.
Tribunos, oradores que revolucionaram a arte de discursar. A oratória era apenas um dom aprimorado, geralmente, nas faculdades de Direito da vida, acalentando reverberação num terreno onde poucos ousavam pisar. Bons tempos aqueles!
Velhos tempos, belos dias, diz a música de Roberto Carlos. O saudosismo só aflora porque a tribuna da Assembléia Legislativa da Paraíba não é nem de longe o local ideal para ir-se em busca de um tribuno. Seria exagero dizer que virou um patíbulo onde, sempre que há sessão, se enforca ou guilhotina a Língua Portuguesa? Creio que não.
A tribuna da Assembléia poderia ser, sob outro ângulo, um paraíso, aprazível recanto para os eufemismos, mas mesmo assim ali saltitam “barrigas de geusso” e outros vitupérios nem sempre bem disfarçados. Graças aos céus que alguns tribunos aqui citados – Ronaldo, Assis, Eilzo e Telino – ainda estão entre nós. Pena que não estejam mais na Assembléia para desestressarem nossa existência.

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