segunda-feira, 12 de outubro de 2009

OPOSIÇÃO ESQUIZOFRÊNICA

Quando o Palácio da Redenção ainda era ocupado por Cássio Cunha Lima, a bancada de Situação apelidou seus oponentes – uma minoria forjada nas urnas de 2006 – de “bancada da garagem”, num epíteto que consagrava o princípio da fuga do plenário para não endossar o “quero, posso e mando” da maioria.
A bem da verdade, diga-se, não havia nada de antidemocrático nas ações dos dois blocos situados na Assembléia Legislativa da Paraíba. A maioria, eleita pela vontade popular, impunha-se pelo voto para referendar os projetos que seu esquema definia como importantes ou necessários de aprovação. À minoria era dado o direito espernear, discordar, votar contra ou abster-se. Mais natural do que isso, impossível.
O problema é que a ordem dos fatores se inverteu no Palácio da Redenção e a governabilidade deixou de ser exercida por um aliado da maioria na AL e transferiu-se para um adversário, o peemedebista José Maranhão. Mudança, aliás, decidida pelo poder moderador em uso na democracia - o Judiciário - sobre o qual a Casa de Epitácio Pessoa não tem poderes para reverter.
É natural que uma criança chore copiosamente quando lhe tomam o pirulito. Não são poucos os torcedores de futebol frustrados quando seu time perde. É incrível a cara de bezerro desmamado de quem chega ao aeroporto e descobre que seu vôo já saiu. O que dizer de uma maioria na Assembléia que, da noite para o dia, descobre-se órfã do protetor no palácio governamental?
As principais sensações são, naturalmente, frustração – como a do torcedor de futebol – e revolva – como a criança sem pirulito. A diferença é que, homens e mulheres com mandatos parlamentares, não se põem a chorar nem a xingar a mãe do juiz. Passado o impacto, é hora de reunir os cacos e tocar a vida.
Quando esse pedaço do Legislativo redescobre-se como maioria, a frustração muda de lado. É a vez do eleitor/contribuinte começar a sofrer com o que há de pior na natureza humana: a revolta que se transforma em necessidade de vingança, doa em quem doer. É quando o grupo majoritário começa a apresentar sintomas de esquizofrenia.
Felizmente não são todos os que demonstram terem sido atingidos por essa moléstia, na maioria parlamentar estadual, mas uma certa lei de fidelidade partidária vai além dos limites do bom senso e impõe um poder ditatorial sobre as ações dos seus súditos.
A oposição vem, desde a votação de um pedido de empréstimo ao BNDES pelo Governo do Estado, colocando obstáculos para que o novo Governo nada construa nem realize nos próximos meses. Os celerados aliados de Cássio e de Ricardo Coutinho na Assembléia Legislativa querem emparedar o Governo. Agora querem torpedear um empréstimo para recolocar o projeto Cooperar em andamento.
De insanidade em insanidade, a oposição, em vez de demonstrar força, passa recibo do medo que a domina com a chegada de Maranhão ao poder. Deveria ter mais medo, isto sim, de uma possível chegada de Ricardo Coutinho ao Palácio da Redenção. Os deputados cassistas conhecem Maranhão de longas datas, mas não têm idéia de quem é o atual Prefeito de João Pessoa.

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